
A supersafra de laranja registrada em Sergipe em 2025 tem provocado gargalos logísticos e queda de preços, gerando preocupação entre produtores, indústrias e entidades do setor agrícola. O pico da colheita, concentrado neste mês de julho, levou ao congestionamento nas principais fábricas processadoras, especialmente em Estância.
De acordo com o gerente da fábrica Maratá, Rodrigo da Silva Santana, a produção aumentou 30% em relação ao mesmo período do ano passado. A unidade tem operado em sua capacidade máxima. “É a primeira vez que vemos uma safra como essa nos últimos 15 anos”, declarou.
Com a produção acima do esperado, longas filas de caminhões se formam nos pátios industriais, e há registros de interrupção no recebimento e até descarte de frutas nas estradas. Atualmente, cerca de 150 caminhões aguardam para descarregar.
Diante do impasse, a orientação da Maratá aos produtores é clara: manter a fruta no pé até que o cartão de entrada seja liberado. “A laranja só passa a ser nossa quando o caminhão descarrega. Mesmo que esteja no pátio, ainda pertence ao produtor”, explicou Rodrigo Santana.
Estratégias e impacto econômico
Com a tonelada da laranja despencando de R$ 2.014,00 (em 2024) para cerca de R$ 600,00 (em julho de 2025), produtores buscam alternativas. Técnicas da Assistência Técnica e Gerencial (ATeG) do Senar, como Paula Yaguiu e Leilane Meira, destacam que muitos optaram por adiar a colheita. Porém, essa decisão coletiva também agravou a situação nas fábricas.
O produtor Alisson Souza, de Estância, relata frustração. “Desanimei. A fábrica agora só recebe com agendamento. O custo para transportar para outro município não compensa.”
A economista Paloma Gois, da Faese, confirma a gravidade da situação. “Os preços atuais não cobrem os custos de produção. A instabilidade afeta os investimentos e coloca em risco a sustentabilidade da citricultura no estado.”
Em 2024, o setor apresentou crescimento de 29,5% no Valor Bruto da Produção (VBP), mas em 2025 a tendência se inverteu: retração de 7,8% e queda acumulada de 4,4% apenas no primeiro semestre.
Gustavo Dias, presidente do Sistema Faese/Senar, afirmou que a instituição acompanha de perto a crise. “Nosso papel é dialogar com produtores e indústrias para mitigar os impactos da supersafra e buscar soluções conjuntas.”
Fonte: Senar