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Adolescentes com sobrepeso têm risco semelhante de doença cardiovascular ao de jovens obesos, revela pesquisa

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Por Isto é Aracaju

Foto: Divulgação

Uma pesquisa realizada pela Universidade Estadual Paulista (Unesp) em Presidente Prudente e Marília revelou que adolescentes com sobrepeso apresentam o mesmo risco de doença cardiovascular que jovens obesos. O estudo, apoiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do estado de São Paulo (Fapesp), envolveu 40 adolescentes com idades entre 10 e 17 anos e comparou os resultados de testes cardíacos entre grupos de obesos e com excesso de peso. Os resultados foram publicados na revista científica Cardiology in the Young.

Segundo o coordenador da pesquisa, Vitor Engrácia Valenti, professor da Unesp de Marília, já se sabia que adolescentes obesos têm um alto risco de desenvolver doenças cardiovasculares no futuro, como hipertensão, dislipidemia (aumento nos triglicerídeos e colesterol HDL) e diabetes, além de AVC e infarto. No entanto, ao comparar essas variáveis fisiológicas entre o grupo obeso e o grupo com sobrepeso, a resposta foi idêntica. Até então, o sobrepeso na adolescência não era considerado um fator de risco tão importante.

Os resultados do estudo destacam a importância de cuidados desde o início do ganho de peso na adolescência. Valenti ressalta que, quando os pais percebem que seus filhos estão começando a ganhar um pouco de sobrepeso, como a presença de gordura na barriga ou dificuldade em realizar esforços físicos, é importante levá-los ao cardiologista, nutricionista e endocrinologista para tomar medidas preventivas.

Dados da Pesquisa de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) de 2017, realizada pelo Ministério da Saúde, mostram que quase um em cada cinco brasileiros (18,9%) é obeso e mais da metade da população das capitais brasileiras (54%) está com excesso de peso. De acordo com Valenti, com base em dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 35% das crianças brasileiras têm sobrepeso e 15% são obesas.

No estudo em questão, os pesquisadores dividiram os 40 adolescentes em dois grupos, com meninos e meninas na mesma proporção, e com diferentes valores de escore-z, uma escala usada no diagnóstico nutricional de crianças e adolescentes. Em seguida, eles foram submetidos a um protocolo de exercício físico moderado, que consistiu em caminhar por 20 minutos em uma esteira sem inclinação, exigindo 70% da frequência cardíaca máxima estimada para a faixa etária.

A variabilidade da frequência cardíaca dos adolescentes foi medida antes e depois do exercício para avaliar a velocidade de recuperação cardíaca após a atividade física. Essa medida permite analisar o risco de uma pessoa apresentar uma complicação cardiovascular imediatamente após o exercício e também estimar o risco de desenvolver uma doença cardiovascular no futuro.

Segundo os pesquisadores, estudos anteriores demonstraram que quanto mais tempo o sistema nervoso autônomo leva para se estabilizar e a frequência cardíaca retornar ao normal após o exercício, maior é a predisposição para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares ou metabólicas.

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