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Neurologista fala sobre o impacto da má qualidade do sono durante a pandemia

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Por Isto é Aracaju

Há um ano de pandemia da Covid-19, muitas pessoas estão enfrentando um grande desafio que é dormir bem. Por isso, a busca pelo tratamento adequado por causa do impacto que as noites mal dormidas, a mudança de rotina e a ansiedade trazem para a saúde, são queixas nos consultórios médicos. No Dia Mundial do Sono, celebrado em 19 de março, o neurologista do Hospital de Urgências de Sergipe Governador João Alves Filho, Marcelo Paixão, explica que atende diariamente pacientes se queixando que a má qualidade do sono e a exacerbação da ansiedade estão agravando o quadro de insônia.


“Muitos pacientes já tinham um padrão de ansiedade e personalidade que buscasse atenção e um controle da sua rotina, mas durante esse período de isolamento social eles não conseguem ter esse controle, não tinha a disciplina porque muitos continuam trabalhando em home-office, muitos ainda estão afastados do trabalho e da falta de compromisso, fazendo com que adotassem a higiene do sono inadequada, dormindo em horários variados, cochilando, dormindo até mais tarde, não tinham aquele ciclo de atividades que era acordar, pegar o carro, trabalhar, voltar pra casa. Era manhã e tarde com afazeres iguais e a falta de rotina”, explicou o neurologista.


Com a pandemia da Covid-19, as pessoas ansiosas passaram a conviver com o medo do inexplicável e do imprevisto, fazendo com que elas exacerbassem esse quadro. “Muitas pessoas não estavam conseguindo dormir por causa da ruminação mental e dos pensamentos reentrantes, então, a orientação é manter as rotinas, mesmo que você não tenha que pegar o carro e enfrentar o trânsito, mas acorde cedo, tome o seu café da manhã, faça uma atividade física, se exponha ao sol, não fique enclausurado dentro de casa, tenha outras atividades como costura, desenho, artesanato, organizar a casa, tem que criar o compromisso e a rotina com os horários”, esclareceu Marcelo Paixão.


Para a professora Lina Cordeiro, 51, a insônia já faz parte da vida dela desde o início da pandemia do coronavírus. “Essa pandemia está tirando meu sono, minha paz e meu sossego. Eu tive que mudar toda a minha rotina, tinha uma vida ativa e agora me vejo sem as minhas atividades, com horários alterados para tudo e isso me faz muito mal. Já tomo remédios para ansiedade, chás, faço terapia e estou tentando me adaptar aos tratamentos. Até a televisão do meu quarto tive que tirar para poder dormir melhor”, relatou a professora.


Os horários de alimentação também se desfizeram e têm que voltar ao normal porque o sono e a atividade física estão linkados com os horários de refeições. Outra questão que também passou a ser muito questionada nos consultórios é a respeito das medicações que são utilizadas para ajudar com o sono e as consequências do adoecimento psiquiátrico e de qualidade do sono evidente, como ressalta o neurologista.


“É importante que você tenha suas cinco ou seis refeições saudáveis, sem carboidratos e sem gorduras. Quanto às medicações que ajudam a dormir, muitos pacientes que já usavam me ligaram pedindo doses maiores em alguns casos, justamente pela consequência da perda da rotina, da disciplina, da higiene do sono adequado, somado ao medo e ao pavor da Covid, trazendo mais ansiedade e insegurança e isso é um ciclo vicioso, porque a pandemia vai acabar e esses pacientes ficarão viciados em medicamentos para dormir e manterão a higiene do sono prejudicada”, concluiu o médico.

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